17/09/2019 12:56:00
As secretarias de Combate ao Racismo e de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) realizarão, em conjunto, o curso de extensão universitária “Desigualdades raciais no mundo do trabalho: as consequências da ideologia racista”. Com o objetivo de proporcionar formação sobre a história econômica do Brasil, o curso promoverá reflexões sociológicas e filosóficas em torno dos temas escravidão, racismo e suas consequências no mercado de trabalho atual, que ocorrerão nos dias 17 a 19 de setembro (1º módulo) e nos dias 22 a 24 de outubro (2º módulo), na sede da Contraf-CUT, das 9h às 17h.
Serão 32 horas de aprendizado, com aulas elaboradas e certificadas pela Universidade Federal do ABC, que serão ministradas pelo Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros.
O mundo do trabalho é um dos espaços onde a discriminação racial tem sido perene. Pesquisas recentes do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – (Dieese) mostram que o setor bancário é um dos segmentos empresariais que mais discrimina segundo a cor da pele e o sexo, fato comprovado pela pouca presença de negros, em especial, nos cargos com visibilidade, de chefia e gerência.
Para Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, em vários seguimentos do setor produtivo, a discriminação ainda é uma realidade, e passados 131 anos da abolição inacabada, mostra que o Brasil ainda é desigual, discriminatório e com seus reflexos no mercado de trabalho até os dias de hoje. “Apesar da população negra, ser 54% da população, nos quadros de executivos das 500 maiores empresas, somente 4,7% é ocupado por negros e negras” comentou.
O Censo da Diversidade de 2014, mostrou que a categoria bancária contava com 24,7% de negros naquele ano. Nesta semana, começou a aplicação do questionário do III Censo. “Nós já conhecemos a realidade dos negros e negras da categoria, mas o curso dará muito mais elementos para avançarmos nessa luta, por mais contratação de negras e negros no setor bancário”, disse Almir Aguiar.
De acordo com o secretário de Formação, Walcir Previtale, é fundamental que os sindicatos e federações fortaleçam o Curso de Extensão Étnico Racial. “Nosso objetivo é formar lideranças sindicais com uma visão mais ampla da história econômica do país, da contribuição das trabalhadoras e dos trabalhadores negros para a economia nacional, assim como para a organização das entidades de representação, tais como sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais”, afirmou.
Inscrições
As inscrições para o curso podem ser feitas pelas entidades (sindicatos e federações) pelo e-mail [email protected].
A turma será composta por 40 (quarenta) dirigentes e ativistas sindicais brasileiros, indicados pela Contraf-CUT, buscando a meta de, preferencialmente, 20 mulheres e 20 homens.
Programação
17 de setembro: O legado científico e cultural dos africanos;
Capitalismo e racismo: a expansão europeia;
19 de setembro: O papel econômico, social, político e cultural da escravidão;
Resistência negra a escravidão;
22 de outubro: A invenção do racismo – ideologia;
Transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado;
24 de outubro: Diminuição das desigualdades raciais nos governos Lula e Dilma
O aumento das desigualdades após o golpe de 2016
As aulas serão ministradas por Ramatis Jacino, que é professor do bacharelado em Ciências e Humanidades e do Bacharelado em Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC. Mestre e doutor em História Econômica pela Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH/USP onde pesquisou o período de transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado no Brasil e a marginalização econômica e social dos que foram escravizados. Fundador da CUT, foi militante do Sindicato dos Gráficos de São Paulo, assessor da CUT SP, conselheiro estadual da APEOESP e dirigente da CUT SP. É também militante do Movimento Negro desde 1977.