Degradação nas condições trabalhistas e a perda de sentido do trabalho.

02/07/2025 13:26:00

Segue um resumo dos principais pontos da entrevista com a pesquisadora Mônica Olivar, publicada em 2 de julho de 2025 no Instituto Humanitas Unisinos:

Veja a Entrevista completa:

 

  • Degradação das condições de trabalho e perda de sentido
    Nos últimos anos, o trabalho tornou-se marcado por burocracia, metas numéricas e gestão algorítmica, gerando “perda de sentido” e elevado sofrimento mental entre os trabalhadores.

  • Impactos na saúde mental
    Em 2024, foram registrados 471.649 afastamentos por transtornos mentais (casos de burnout, depressão e ansiedade), praticamente o dobro dos 283 mil de 2023; 63,8% desses afastamentos envolveram mulheres.

  • Precarização e exaustão
    Modelos de terceirização e “uberização” não são os únicos vetores de precarização: o emprego formal – especialmente em escala 6×1 – também impõe jornadas extenuantes, sem garantias de descanso ou segurança.

  • Herança escravocrata e desigualdades raciais
    A escala 6×1 tem raízes na história escravista brasileira, preservando ciclos de exploração de trabalhadores negros e negras em funções de baixa remuneração, sem tempo para lazer, convívio familiar ou formação.

  • Tripla jornada das mulheres
    Mulheres, além de cumprir 6 dias de trabalho, acumulam tarefas domésticas e cuidado familiar. Em serviços essenciais, como saúde e limpeza, muitas sequer podem descansar em feriados ou finais de semana.

  • Acidentes de trabalho e riscos físicos
    A exaustão, associada à pressão por metas e jornadas longas, contribui para mais acidentes: em 2024 foram 742 mil ocorrências, principalmente em saúde, comércio, transporte e produção industrial.

  • Propostas de mudança
    Mônica Olivar defende redução da jornada para quatro dias por semana (4×3) sem perda salarial, combinada a políticas de cuidado: ampliação de creches, cozinhas comunitárias, licenças parentais mais longas e serviços de apoio a idosos e pessoas com deficiência.

  • Mobilização e plebiscito popular
    Centrais sindicais e movimentos sociais lançaram, em 1º de julho, o “Plebiscito Popular por um Brasil mais Justo”, com votação online de 14 a 21 de setembro, incluindo consulta sobre o fim da escala 6×1.

Esse conjunto de dados e reflexões evidencia a urgência de reequilibrar o tempo de trabalho e de vida dos trabalhadores, especialmente das mulheres negras, e de promover políticas públicas que garantam condições dignas, saúde e bem-estar.