Greve mais forte é a única saída

15/09/2016 12:40:32

A Fenaban mantém proposta de 7% de reajuste e abono de R$3,3 mil revoltando os bancários e levando a categoria a fortalecer ainda mais a greve nacional


O desrespeito com os bancários foi a marca do comportamento da Fenaban na sétima rodada de negociação com o Comando Nacional de Greve, nesta terça-feira (13/9), em São Paulo. Não houve qualquer avanço. Mesmo tendo os maiores lucros entre todos os setores da economia, os bancos insistiram na proposta rebaixada de 7% de reajuste e abono de R$ 3,3 mil, já rejeitada em mesa pelo Comando por não repor sequer a perda inflacionária, arrochando os salários.


A proposição fica muito distante do reivindicado pela categoria: reposição da inflação (9,62%) mais 5% de aumento real; PLR de três salários, mais R$ 8.317,90; piso de R$ 3.940,24; R$ 880 ao mês para vale-alimentação, vale-refeição, 13ª cesta alimentação e auxílio-creche/babá. Arrogantes, os bancos mostraram total intransigência ao se recusar a negociar as demais reivindicações, importantes para a categoria, como condições de trabalho, fim do assédio moral, das metas abusivas, das demissões, além de mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações, e ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe demissões imotivadas.


Estes itens são importantes porque os bancários convivem em um ambiente de trabalho adoecedor, com desgaste da saúde física e mental, em decorrência da sobrecarga de trabalho, das metas abusivas e do assédio moral. Entre janeiro e março do ano passado, 4.423 bancários foram afastados do trabalho, sendo 25,3% por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico.


Mais pressão


A Fenaban marcou nova rodada para hoje 15/09, em São Paulo, às 16 horas. Só o fortalecimento ainda maior da greve nacional vai romper a intransigência da Fenaban e obrigá-la a apresentar uma proposta digna. Adriana frisou serem os bancos os responsáveis pela continuidade da greve. Com os lucros nas alturas, não têm motivo para recusar-se a apresentar uma proposta decente. Os cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões no primeiro semestre de 2016, tendo todas as condições de nos atender.


Parte do lucro vem das estratosféricas taxas de juros cobradas de toda a sociedade. Para que se tenha uma ideia, os juros médios do cartão de crédito atingiram, em agosto, 451,44% ao ano, o maior desde outubro de 1995, segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Ao mês, a taxa foi de 15,29%, ante 15,22% em julho (ou 447,44% ao ano). Os juros médios para pessoas físicas subiram de 8,09% ao mês em julho (154,35% ao ano) para 8,13% ao mês em agosto (155,48% ao ano).


Os juros médios no cheque especial também subiram no mês passado, passando para 12,16% ao mês ou 296,33% ao ano. É o maior nível desde março de 1999. Segundo a Anefac, a inflação persistente, os juros em patamares elevados e o aumento de impostos achatam a renda das famílias.

 

Fonte SEEB Rio