26/05/2020 13:57:00
Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, ministro da Economia não pensa em salvar as micro e pequenas empresas, responsáveis pela maior parte dos empregos, e ainda defende privatizar o Banco do Brasil, que há anos vem reduzindo sua carteira de crédito para as empresas de porte menor
O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na reunião ministerial do dia 22 de abril que “Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.
“Ou seja, em meio a uma pandemia que resultará em uma crise econômica gravíssima, o ministro da Economia do governo Bolsonaro, mais uma vez, revela sua mentalidade neoliberal e mostra que enxerga o governo como um banco privado ao avaliar uma suposta perda de recursos públicos ao salvar empresas de porte menor, que são as responsáveis pela maior quantidade de vagas de emprego no país”, afirmou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
Em 2019, as micro e pequenas empresas abriram 731 mil vagas formais, enquanto as médias e grandes fecharam 88 mil. Considerando os dados de 2007 a 2019, os pequenos negócios criaram 12,4 milhões de vagas. Enquanto isso, médias e grandes empresas fecharam 1,5 milhão. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram compilados pelo Sebrae.
Na mesma reunião ministerial do dia 22 de abril, que foi divulgada na sexta-feira (22), pelo ministro do STF, Celso de Mello, Guedes também afirmou que “tem que vender essa porra logo”, em referência ao Banco do Brasil.
“Com esta declaração, Guedes despreza a função social que uma instituição pública do porte do Banco do Brasil, que esbanja liquidez e rentabilidade, deveria exercer durante a crise do coronavírus, por meio da concessão de crédito para ajudar as micro e pequenas empresas”, afirmou Fukunaga.
Não é só Carlos Bolsonaro que anda assediando o Banco do Brasil. Segundo a revista Veja, empresários bolsonaristas querem a cabeça do chefe do banco, Rubem Novaes, por incompetência na condução da instituição. Justamente porque, no meio da crise do coronavírus, Novaes não tem agilidade para liberar crédito.
Redução do crédito para micro, pequenas e médias empresas
Segundo as demonstrações financeiras do Banco do Brasil, entre março de 2016 e março de 2020 o valor da carteira para micro, médias e pequenas empresas (MPME) foi reduzida de R$ 127,3 bilhões para R$ 65,9 bilhões. No mesmo período, a carteira de crédito total encolheu de R$ 411,5 bilhões para R$ 272,9 bilhões, em valores reais (considerada a inflação do período).
“O banco já vinha perdendo carteira e, hoje, este cenário desolador causado pelo coronavírus está dificultando a liberação de crédito para quem realmente precisa, que é o micro e pequeno empresário, o que reflete muito na visão do Paulo Guedes explicitada no vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril”, afirmou Fukunaga.
“O Banco do Brasil é uma empresa pública com mais de 200 anos de história e deveria exercer a função social de conceder crédito para o setor produtivo preservar empregos, especialmente em meio a esta crise de proporções muito sérias. Mas, ao invés de utilizá-lo como instrumento anticíclico, o ministro da Economia prefere usar de palavreado de baixo calão para atacar a instituição e defender sua venda”, finaliza o dirigente.