Na rodada de negociação de 12 de julho, os bancos recusaram assinar o pré-acordo de ultratividade, que garantiria a validade dos direitos dos bancários até o final das negociações da Campanha Nacional 2018. A justificativa dos negociadores da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi de que, no dia 1º de agosto, um mês antes da data base da categoria (1º de setembro), apresentariam uma proposta final para ser apreciada pelos trabalhadores.
Por isso, na quinta rodada de negociação, desta quarta-feira, os representantes de bancários de todo o Brasil, que compõem o Comando Nacional da categoria, cobram essa proposta final. “Queremos respostas para todas as reivindicações já debatidas de saúde e condições de trabalho, emprego, igualdade de oportunidades, além das cláusulas econômicas que serão tratadas nesta quarta”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e uma das coordenadoras do Comando.
Não são poucos os números e indicadores que comprovam a plena capacidade dos bancos de atender às reivindicações da categoria. Em 2017, as cinco maiores instituições financeiras que compõem a mesa de negociação pela Fenaban, lucraram juntas R$ 77,4 bilhões. Um valor astronômico que impressiona ainda mais quando revelado que o montante foi 33,5% maior que no ano anterior.
“Que setor cresceu dessa maneira numa crise da proporção que estamos vivendo no Brasil”, questionou a dirigente. “Isso é resultado do trabalho dos bancários, muitas vezes além do limite para alcançar os resultados perseguidos pelos bancos”, criticou Juvandia.
A presidenta da Contraf-CUT lembra dos mais de 40 mil postos de trabalho extintos pelo setor desde 2016 para citar um outro dado que dá a dimensão do quanto os bancos devem ao Brasil: “eles são responsáveis por apenas 1% dos empregos criados no Brasil entre 2012 e 2017, mas por 5% dos afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho”, de acordo com levantamento realizado pela Fecomércio.
Outro dado surreal: as famílias brasileiras comprometem a maior parte dos seus gastos com o pagamento de juros aos bancos. Foram R$ 354,8 bilhões transferidos da renda dos trabalhadores para as instituições financeiras em 2017, o que representa 17,9% de aumento real, ou seja, já descontada a inflação. De acordo com a pesquisa, o montante superou os R$ 291,3 bilhões gastos com alimentação fora de casa, os R$ 154,3 bilhões dos gastos com transporte urbano e os R$ 129,9 bilhões pagos em aluguel.
“Os bancos têm uma dívida imensa com a sociedade brasileira e com seus empregados”, destaca a presidenta da Contraf-CUT. “Os bancários querem aumento real, PLR maior, garantia para seus empregos e direitos e cobram isso com a certeza de que trabalham para um setor que está em totais condições de atender todas essas reivindicações e, mais que isso, contratar mais bancários para prestar um atendimento cada vez melhor para toda a sociedade.”
Leia também:
> Para os acionistas tudo, mas e para os bancários?
> Setor que mais lucra no Brasil se recusa garantir empregos na CCT
> Lucro do Bradesco ultrapassa R$ 10 bilhões no 1º semestre
> Santander lucra 5,9 bilhões no primeiro semestre de 2018
> Bancos fecharam 2.846 postos de trabalho no primeiro semestre de 2018
> Não há razão para demissões nos bancos
> Metas são principal causa de adoecimento, mas bancos não trazem solução
> Até 1º de agosto bancários devem ter proposta final
> Bancários vão para mesa negociar, mas bancos frustram primeira rodada