29/05/2022 12:35:00
Quase quatro anos depois de ver seu nome e sua imagem vinculados de forma criminosa à facada do então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, a bancária e sindicalista de Juiz de Fora, Lívia Gomes Terra, 41 anos, obteve no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) a condenação por calúnia de engenheiro Renato Henrique Scheidemantel, 53, morador do Rio de Janeiro. Ele foi identificado e apontado no processo como o responsável por divulgar a fake news, que causou sérios transtornos à vida da mulher, inclusive psicológicos.
O engenheiro foi condenado pelo crime contra a honra, agravado pelo fato de ter sido praticado por meio que facilitou a divulgação (redes sociais). Ele recebeu pena de dez meses e 20 dias de detenção na sentença assinada na última sexta-feira (13) pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio. A pena privativa de liberdade, no entanto, foi substituída por uma restritiva de direitos, que será convertida na prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, a ser estipulada pelo juízo da execução.
A Tribuna entrou em contato com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, responsável pela defesa do acusado, para saber se entrará com recurso da decisão judicial. No entanto, o órgão respondeu que, “por ora, não comentará o caso”. Em sua defesa, a Defensoria Pública do Rio chegou a alegar que o réu teve seu perfil em rede social invadido, negando a autoria da postagem que anunciou Lívia como a mulher que supostamente teria passado a faca a Adélio Bispo, momentos antes de ele golpear Bolsonaro durante caminhada pelo Calçadão da Rua Halfeld, no Centro da cidade.
“No dia 8 de setembro (de 2018), dois dias depois do atentado a Bolsonaro, me surpreendi vendo minha cara na internet sendo associada àquele crime. Um desconhecido, alguém que eu não fazia ideia de quem era, simplesmente pegou meu perfil de Facebook e disse que eu era uma mulher que estava no meio daquela multidão e que havia passado a faca para o Adelio. Minha vida virou um inferno a partir dali”, relembrou Lívia, em depoimento à Tribuna nesta segunda-feira (18).
Desde aquela ação virtual, ela passou a receber inúmeras ameaças vindas do país todo, via redes sociais. “Em pouco tempo, essa publicação já tinha viralizado e se transformado em outras. Virou até corrente de WhatsApp na época, com dados mais profundos, dizendo quem eu era, meu nome todo, que minha família era de Chácara, que eu trabalhava na Caixa Econômica e era diretora do Sindicato e da Federação dos Bancários.”