16/04/2021 12:28:00
O mediador do debate, José Ricardo Sasseron, explicou que o evento faz parte de um curso sobre os bancos públicos realizado em parceria entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), apresentou debatedores do dia e passou a palavra para os representantes da Fenae e da Contraf-CUT fazerem uma saudação inicial.
O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, disse que é uma alegria muito grande fazer esse debate em um momento em que o Banco do Brasil e os demais bancos públicos estão sofrendo mais uma tentativa de enxugamento. “O novo presidente afirma que o BB é de mercado. É importante prepararmos os dirigentes sindicais para fazer uma defesa adequada do Banco do Brasil, da Caixa e dos demais bancos públicos junto à sociedade”.
Gustavo Tabatinga, secretário-geral da Conraf-CUT também ressaltou a importância do ciclo de debates sobre os bancos públicos. “Quem teve a oportunidade de participar dos debates anteriores já pôde ver o quanto é importante defendermos os bancos públicos. Hoje, vamos destacar o Banco do Brasil, um banco que tem 213 anos de existência. Mais uma vez, veremos que sem os bancos públicos, não haverá o desenvolvimento do país”.
A apresentação da economista Nádia Vieira de Souza, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) reforçou a visão de que o Banco do Brasil, assim como os demais bancos públicos, desempenha um importante papel no desenvolvimento do país, tanto em decorrência da concessão de crédito, principalmente no crédito rural, mas também na execução de programas sociais do Governo Federal. “Mas, nos últimos anos, temos visto um ataque sistemático a todos os bancos públicos, incluindo o Banco do Brasil. Isso tem reduzido cada vez mais sua atuação”, observou a economista. “Mas, mesmo com esses ataques, a participação do BB no total de crédito fechou 2020 em 19,4%, com peso ainda maior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, completou.
Além do crédito, Nádia também destacou a capilaridade do BB, que atua na maior parte dos municípios brasileiros. “O banco, no entanto, vem sofrendo um forte enxugamento nos últimos anos e, em janeiro, foi anunciada mais uma reestruturação, com fechamento de agências e uma redução de 6% do pessoal, o que causará um forte impacto no trabalho e sobrecarregará os funcionários que permanecerão no quadro”, ressaltou.
A representante dos funcionários no Conselho de Administração do BB (Caref), Débora Fonseca, também ressaltou a capilaridade do Banco do Brasil. “A presença do BB é muito marcante em muitos municípios, principalmente naqueles onde ele é o único banco da cidade. E em muitos deles essa relação de proximidade com os agricultores contribui com a atuação junto ao agronegócio. Com o fechamento de agências abre-se espaço para as cooperativas de crédito”, disse.
Débora Fonseca, também apontou a dubiedade do discurso do novo presidente do banco, Fausto Ribeiro. “Se por um lado, em carta aos funcionários o novo presidente fala de valorização dos funcionários, em outros momentos focou sua fala no retorno aos investidores”.
A Caref do BB lembrou, ainda que as devoluções de recursos para o Tesouro Nacional por meio dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) pode trazer prejuízos para o banco e sua atuação de fomento ao desenvolvimento e, consequentemente para o país. “Isso pode encarecer o crédito e gerar grande impacto não apenas na compra de maquinários, mas do agro como um todo”, afirmou. “É ruim para o Estado, é ruim para o produtor, é ruim pra todo mundo! Ninguém é beneficiado, a não ser os bancos privados, que poderão competir em melhores condições no segmento agro”, completou.
O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga fechou o debate. Em sua fala ele destacou a importância do Banco do Brasil para a geração de emprego.
“O Banco do Brasil sempre foi um importante ator no segmento de crédito para as micros e pequenas empresas, que são as que mais geram emprego no país. No ano passado, se não fosse o BB, teríamos um número ainda maior de fechamento de empresas, que receberam recursos do governo para conceder crédito a estas empresas, mas se esconderam com medo do calote. Foi o BB quem, mais uma vez, fez este serviço”, disse, ao lembrar dos dados apresentados pela economista do Dieese, que apontam que o BB foi o responsável por 25,6% do crédito às MPEs em 2020.
A semana de análise crítica sobre os bancos públicos será encerrada nesta sexta-feira (16), a partir das 19h, com um debate, que será transmitido ao vivo, sobre a autonomia do Banco Central, com a participação do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), da presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, do presidente da Fenae, Sergio Takemoto, e do economista Sergio Mendonça.