Mercado faz terrorismo, mas salários precisam continuar crescendo, diz Dieese

09/06/2014 15:41:43

É uma grande mentira que a situação econômica do Brasil seja caótica e a inflação esteja fora de controle, como prega o terrorismo conduzido pelos economistas de mercado e pela grande mídia. A inflação está sob controle e o Brasil cresce mais que a média das grandes economias mundiais. O que está na verdade em disputa é a participação do capital e do trabalho sobre a riqueza do país. O movimento sindical, portanto, precisa continuar lutando por aumentos de salários e investimentos em políticas sociais que favoreçam o crescimento econômico e a distribuição de renda.

 

Essa foi, em síntese, a opinião do economista Airton dos Santos, coordenador de Atendimento Técnico e Sindical do Dieese, apresentada neste sábado 7 de manhã durante a discussão da conjuntura econômica, no segundo dia do 25º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, que está sendo realizado no hotel Holiday Inn, em São Paulo.

 

Airton lembrou que o Orçamento Geral da União (OGU) de 2013 destinou R$ 718 bilhões, ou 40,30% do total, para pagamento de juros e amortização da dívida pública, contra 24,11% para a previdência social. "Esse é o valor que os rentistas, que vivem às custas dos juros pagos pelo Tesouro Nacional, receberam ano passado".

 

Com o aumento da taxa Selic, no Orçamento previsto para 2014 o pagamento de juros e amortização da dívida pública subiu para R$ 967 bilhões, ou 32,04% do total, enquanto os investimentos com previdência social caíram para 19,87%.

 

"Esse dinheiro sai do Tesouro. Quanto mais vai para os rentistas, mais aumenta a concentração da renda no Brasil", afirmou o economista do Dieese. Os bancos são detentores de aproximadamente 30% dos títulos da dívida pública.

 

Airton dos Santos ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB) precisa continuar crescendo para que o país continue distribuindo renda e melhorando os serviços básicos oferecidos à população.

 

História pra boi dormir

 

"Existe uma campanha hoje na mídia, dos formadores de opinião, contra a política do salário mínimo, afirmando que ela não é boa para o Brasil", disse Airton. "Mas é essa política do salário mínimo, conquistada pelo movimento sindical, junto com o Bolsa Família, com os ganhos reais de salários, é que tem sustentado o mercado interno. Hoje o que o Brasil cresce se deve muito ao mercado interno, às políticas sociais do governo."

 

Para o economista do Dieese, o movimento sindical precisa ficar atento "porque nenhum candidato vai falar que vai acabar com a política do salário mínimo, mas tem gente querendo mexer, modificar, que os reajuste sejam menores. Para mim deve ser um ponto de honra do movimento sindical defender essa política do salário mínimo, porque ela ajuda a puxar para cima os salários dos trabalhadores. Então tem que defender com unhas e dentes essa política e não acreditar nessa história de que causa inflação. Essa história é para boi dormir".

 

'Assistência social deu salto grande'

 

Apesar do alto valor pago aos rentistas, o economista do Dieese afirmou que a assistência social no país deu um grande salto. Nesse sentido, ele ressaltou que diversos países tentam copiar o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. "Às vezes funciona e às vezes não funciona", observou, ao reconhecer as deficiências do sistema.

 

Ainda sobre o SUS, ele destacou que os Estados Unidos não conseguiram viabilizar um programa de saúde gratuito para a população norte-americana, mesmo diante de um PIB de mais de US$ 16 trilhões. "E o Brasil, com um PIB de R$ 4,84 trilhões, oferece um plano da proporção do SUS a todos os brasileiros", observou ele, citando que o SUS consegue suprir, inclusive, serviços negados pelos planos privados.

 

Rede de Comunicação dos Bancários
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