Miriam Belchior reafirma à Contraf-CUT Caixa 100% pública e mais diálogo

07/05/2015 12:55:23

A Contraf-CUT, CUT Nacional, Fenae, Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), sindicatos dos bancários de São Paulo e de Brasília e representantes dos empregados no Conselho de Administração entregaram nesta quarta-feira (6) à presidente do banco documento contendo pontos que consideram essenciais para melhorar as condições de trabalho e o fortalecimento da empresa como 100% pública. Na oportunidade, Miriam Belchior reafirmou que o governo não irá abrir o capital da Caixa, que deseja manter diálogo permanente com as representações dos trabalhadores e que está reavaliando os canais de negociação com os empregados.

 

O encontro, ocorrido na sede da instituição, em Brasília (DF), foi solicitado pela própria Miriam Belchior. Participaram os presidentes da Fenae, Jair Pedro Ferreira, da CUT, Vagner Freitas, e da Contraf-CUT, Roberto Von Der Oesten; a coordenadora da Comissão Executiva de Empregados (CEE/Caixa), Fabiana Matheus; a representante suplente dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Maria Rita Serrano; a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira; Wandeir Severo, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília; e representantes da Contec.

 

"Foi uma reunião importante, em que nós colocamos nossas expectativas em relação à gestão da Caixa. Defendemos um banco 100% público, que continue ofertando crédito, financiando moradia e que participe do processo de discussão da política econômica do governo", ressaltou Vagner Freitas.

 

Roberto Von Der Oesten, presidente da Contraf-CUT, destacou: "É muito positivo que o terceiro maior banco do país chame as entidades sindicais e as representações dos trabalhadores para dialogar". O presidente da Contraf-CUT defendeu o protagonismo da Caixa na mesa única de negociação da categoria bancária e que sejam aprimorados os canais de negociação existentes.

 

Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, o gesto de Miriam Belchior representa a valorização do diálogo com os empregados e os segmentos representados pelas entidades sindicais que foram convidadas para o encontro. "Foi importante também porque reafirmamos o nosso posicionamento de defender a Caixa como banco público", disse. Fabiana Matheus, reivindicou à presidente do banco o aprimoramento da mesa permanente. "Esse canal de negociação precisa de mais autonomia, para asseguramos que os problemas levados tenham soluções com a agilidade necessária", enfatizou.

 

Maria Rita Serrano defendeu junto à direção da Caixa melhorias nos canais de comunicação com o banco. "Também queremos mais transparência na divulgação entre os empregados das ações da empresa no enfrentamento das denúncias de que tem sido alvo", frisou. Para Juvandia Moreira, o clima nas unidades é de apreensão, devido à falta de contratações para substituir o que estão saindo por meio do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA). "A Caixa precisa reverter essa situação", cobrou. Wandeir Severo acrescentou: "Nossa expectativa é de encontrar soluções em conjunto para os problemas que afetam os trabalhadores".

 

A presidente da Caixa, Miriam Belchior, explicou que a intenção da reunião era ouvir a visão dos trabalhadores sobre o processo de negociação com a empresa, sobre as rodadas mais recentes. "É importante ter esse retorno a respeito de como tem sido o trabalho para que a gente possa aperfeiçoar ao máximo neste período que estarei à frente da Caixa", afirmou.

 

Documento pede mais funcionários e melhores condições de trabalho

 

No documento entregue a Miriam Belchior, as entidades destacam a importância da Caixa como banco 100% público para o desenvolvimento econômico e social do país. "Foi uma grande vitória para os brasileiros a decisão do governo de não abrir o capital da Caixa", enfatiza o texto. Também há um resgate dos momentos difíceis enfrentados pelo banco durante os governos neoliberais, com tentativas de desmonte com o objetivo de privatizá-lo.

 

O documento destaca ainda demandas para melhorar as condições de trabalho na unidades da Caixa. A mais urgente delas é acelerar o ritmo das contratações. "Faltam empregados, o que sobrecarrega os atuais trabalhadores, que ainda enfrentam dificuldades para receber horas extras e salários de substituição de colegas", diz o texto. E lembra: "Milhares de empregados estão deixando a empresa por meio do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA)".

 

Outra reivindicação diz respeito ao fim do programa Gestão de Desempenho de Pessoa (GDP), que está sendo implantado de forma unilateral pelo banco desde o ano passado. "O mecanismo afronta todos os princípios coletivos da relação de trabalho, pois cria um contrato individual de trabalho, institucionaliza a cobrança de metas individuais, rotula os empregados, acirra a competitividade nos locais de trabalho, favorecendo o assédio moral e o adoecimento, duas mazelas que devem ser diariamente combatidas".

 

A isonomia de direitos entre todos os trabalhadores da Caixa é mais uma demanda contida no documento entregue à Miriam Belchior. "A distinção (...) começou em 1998, quando as contratações ocorreram com direitos rebaixados. (...) A partir de 2003, alguns direitos foram reconquistados. Hoje, entidades e empregados lutam pela volta da licença-prêmio de 18 dias por ano e do ATS/anuênio, um adicional de 1% do salário a cada ano de serviço", explica o texto.

 

As representações dos empregados ainda cobram soluções para o contencioso judicial da Funcef, que decorre de ações trabalhistas contra o banco e que tem causado custos elevados e onerado os planos de benefícios. Outra reivindicação da categoria é a extensão do Saúde Caixa para os que se aposentaram por meio dos Programas de Demissão Voluntária realizados em 1996, 2000 e 2001.

 

"A Caixa Econômica Federal é hoje um dos maiores bancos do país. O maior 100% público. Sem deixar de lado o importante e histórico papel social, continua avançando no mercado, o que tem incomodado o setor privado. E tudo isso graças principalmente à valorosa contribuição dos seus empregados. O reconhecimento desses trabalhadores avançou nos últimos 12 anos. Mas ainda há muito para reparar e avançar", finaliza o texto.

 

 

Fonte: Contraf-CUT com Fenae