20/09/2016 12:22:50
Tambores retumbaram pelo centro de São Paulo e deram o tom da marcha de centenas de bancários na passeata realizada para demonstrar a indignação da categoria diante da intransigência da Fenaban (federação dos bancos). Na segunda-feira 19, o movimento sindical deflagrou a manifestação para dar um recado claro: a disposição para a luta é intensa e não vai arrefecer.
“Chegamos hoje ao décimo quarto dia de uma greve forte, que está mostrando para os banqueiros que nós não vamos aceitar sair da campanha nacional com reajuste rebaixado, perdendo direitos”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que negocia com a Fenaban.
“Trabalho aqui do lado, minha agência está parada e acho importante participar”, disse um bancário do Santander. “Se não tiver movimentos como esse, não vamos conseguir o que queremos”, acrescentou.
Abuso – E a população que presenciou o ato deu apoio e engrossou o coro dos descontentes. Chuva de papel picado foi vista caindo de diversos prédios das ruas percorridas pela passeata: avenida São João, rua Líbero Badaró, Largo São Francisco, Praça da Sé, rua Boa Vista, e de volta para a Líbero Badaró. Aplausos de pedestres e pessoas sambando com o ritmo da bateria da escola de samba Tom Maior – que acompanhou o protesto – também atestaram o respaldo às reivindicações.
“Quando vou ao banco pagar conta, chego a perder 45 minutos, porque falta gente para atender. Querem que a gente faça tudo pela internet, mas a tarifa é alta, os juros são um abuso. Os bancos são o câncer da sociedade”, protestou o funcionário público Antônio Bezerra enquanto assistia a passeata tomando uma cerveja em um bar na rua Boa Vista.
“Eu acho importante participar da passeata porque o setor bancário é o que mais lucra, tanto na crise como em bons momentos e eles vêm com uma proposta ridícula, desvalorizando nosso trabalho, sendo que somos assediados com metas. Por isso temos que reivindicar nossos direitos”, afirmou um funcionário do Bradesco durante o ato.
Bancos radicalizam – E não é só por salário que os bancários protestaram. “Os bancos têm de contratar mais trabalhadores, porque nas agências estão tendo muitas demissões, porém não tem reposição e você acaba fazendo duas, três funções e, em contrapartida, não recebe nada em troca. Só recebe sobrecarga de trabalho, não somos valorizados”, reclamou um empregado do Itaú.
Roberto von der Osten, presidente da Contra-CUT, lembrou que na sexta-feira 16 muitos bancários denunciaram pressão de gestores para abrirem as agências. “Além de não fazer nenhuma proposta nova, resolveram radicalizar com os bancários, desrespeitar a greve legítima. Pressionaram, humilharam os bancários a furar a greve, mandaram tirar as nossas faixas das agências, um desrespeito, uma ação anitissindical. Mas a resposta não tardou. No dia de hoje, 13 mil agências, das 23 mil que estão no Brasil, estavam fechadas em protesto contra esse desrespeito, e porque querem reduzir nosso salário.”
“É importante a participação massiva para pressionar os banqueiros e para mostrar para a sociedade porque estamos em greve. É por salário, mas não é só por isso”, frisou uma bancária da Caixa. “Tem a defesa dos bancos públicos, e tem o que a gente pode perder nesse momento, não só como bancários, como também, para o trabalhador. Direitos que a gente já conquistou, como a CLT, aposentadoria. São muitas ameaças. Temos de estar alertas fortes e unidos.”
“A greve é culpa dos banqueiros. Alguém acredita que o Banco do Brasil, Santander, Itaú, Caixa, Bradesco estão em crise?”, questionou o bancário Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Eles ganham dinheiro explorando bancário e cobrando altas tarifas e juros de clientes, por isso estamos em greve. A nossa greve é por salário, condições de trabalho e por melhor atendimento”, reforçou.
Apoio – A passeata dos bancários contou com apoio internacional de trabalhadores de bancos na Argentina e no Uruguai (com coordenação da UNI Américas) e de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimentos dos Atingidos por Barragem, Movimento dos Pequenos Agricultores, e Levante Popular da Juventude.
Fonte: Seeb SP