Seminário nacional aponta ampliação da mobilização em defesa do emprego

15/08/2014 13:16:26

O seminário "A Terceirização no Brasil: Impactos, resistências e lutas", que está sendo realizado em Brasília, é a mais ampla coalizão de forças sociais já formadas no Brasil em defesa do emprego e contra as tentativas patronais de precarizar as relações de trabalho. Foi essa unidade e a mobilização dos trabalhadores que barraram no ano passado a aprovação do PL 4330 na Câmara dos Deputados. Mas são reais os riscos de serem aprovadas iniciativas patronais que ameaçam o emprego e aguardam decisão tanto no Congresso Nacional quanto no Supremo Tribunal Federal. É preciso estar alerta e manter a mobilização para barrar essas tentativas de precarização do trabalho.

 

Esse foi, em síntese, o teor das intervenções no primeiro dia do seminário "A Terceirização no Brasil: Impactos, resistências e lutas", aberto nesta quinta-feira 14 no auditório do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), no Eixo Monumental, Praça do Buriti, em Brasília, e que termina nesta sexta 15.

 

Mais de 500 representantes de entidades sindicais e sociais participam do seminário, com grande presença de bancários de todo o país.

 

Promovido pelo Fórum Nacional Permanente em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, em parceria com o Grupo de Pesquisa "Trabalho, Constituição e Cidadania", vinculado à Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UNB), o seminário tem o objetivo de discutir e implementar ações contra os projetos de terceirização que tramitam na Câmara (PL 4330/2004) e no Senado (PLS 087/2013) e as perspectivas de julgamento de terceirização no STF, que neste momento analisa o Recurso Extraordinário apresentado pela empresa Celulose Nipo Brasileira (Cenibra), que havia sido condenada por terceirização ilícita em todas as instâncias da Justiça do Trabalho.

 

É hora de avanço, e não de retrocesso

 

"O seminário acontece em um momento importante, por três razões. Primeiro, porque vivemos um período de inclusão social que não permite essa ofensiva patronal contra os trabalhadores, como por exemplo o combate ao trabalho escravo e a regulamentação do trabalho doméstico", disse Graça Costa, secretária de Relações do Trabalho da CUT Nacional.

 

"Segundo, estamos em um momento eleitoral importante, no qual precisamos fazer o debate para melhorar a composição do Congresso Nacional. Além disso, a luta de resistência que estamos fazendo no Brasil para impedir a precarização do trabalho é um exemplo para os trabalhadores de todo o mundo", acrescentou Graça.

 

'Unidade barrou ofensiva patronal'

 

"Nunca vi unidade e representatividade tão grande em torno de um objetivo, das entidades sindicais às associações de magistrados e a academia. Foi isso que barrou a ofensiva organizada pelo patronato que estava avançando no Congresso no ano passado", disse na abertura do seminário o presidente da Associação Nacional de Procuradores de Trabalho (ANPT), Carlos Eduardo de Azevedo Lima.

 

"Mas essa ofensiva patronal, quando encontrou a nossa resistência, encontrou outros caminhos, virando suas baterias para o STF. Precisamos ficar atentos porque algo está sendo urdido, e não é a favor dos trabalhadores brasileiros", acrescentou Azevedo Lima, sintetizando as opiniões dos participantes da mesa de abertura e das mesas subsequentes.

 

"Somos todos peças importantes nesse processo. E todos precisamos agir. Não podemos permitir o retrocesso. Oxalá consigamos uma audiência pública no STF", declarou Paulo Schmidt, presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), referindo-se à ampla coalizão de entidades que formam o Fórum Nacional Permanente em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, entre elas a CUT, a Contraf, a Intersindical, ANPT, Cesit/Unicamp, OAB, FES, Industriall, Confederação Sindical Internacional (CSI), Faculdade de Direito da Universidade de Brasília.