Contraf critica terceirização na Dirao/BB e cobra garantias para bancários

19/07/2013 09:33:21

A Contraf-CUT, federações e sindicatos se reuniram com o Banco do Brasil nesta terça-feira 16 para tratar de diversas questões de interesse dos bancários. A reunião ocorreu em Brasília e durou o dia todo.

 

Na questão da reestruturação da Dirao (Diretoria de Reestruturação de Ativos Operacionais), foram ouvidas as justificativas do banco e após a apresentação foram reivindicadas garantias para os trabalhadores que serão atingidos pelo processo.

 

O banco alegou que as mudanças visam segmentar e especializar as operações, bem como centralizar o back office da área. Também afirmou que trabalhará em parceria com demais unidades do banco nas bases afetadas para minimizar impactos aos funcionários.

 

Uma das alegações da direção do banco para a reestruturação chocou as entidades sindicais. O BB alegou que está fazendo mudanças porque aumentou muito a quantidade de operações no setor nos últimos anos: passou de 500 para 1.300 operações por mês.

 

"Na nossa visão, o que era para ser "Bom Pra Todos", porque o banco está sendo cobrado pelo governo federal para que atue mais na função de servir ao país fornecendo crédito, se tornou ruim para os bancários porque o banco está aumentando a terceirização de atividade-fim da categoria, e ruim para clientes e o próprio banco porque está colocando em risco serviços que são feitos pelos funcionários com muita competência", criticou William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

 

Tanto é verdade que o BB é o banco que tem a menor taxa de inadimplência do mercado bancário (em torno de 2,0 % para 3,3 % no sistema) e tem muita qualidade na questão da recuperação de crédito. Mas isso é feito com a eficiência dos bancários.

 

No entanto, a Contraf-CUT considera a reunião com a Dirao/BB muito importante porque o que as entidades sindicais cobram com frequência aos bancos é que respeitem princípios básicos da Convenção 158 da OIT no que diz respeito a informar aos representantes dos trabalhadores processos que envolvam reestruturações para que seja possível minimizar impactos e ou achar soluções que protejam os trabalhadores.

 

Propostas das entidades sindicais

 

- Aumentar o número de funcionários na Dirao, em vez de aumentar a terceirização, porque o banco está alegando que a reestruturação na diretoria de ativos de crédito deve-se se a grande aumento da quantidade de operações, de 500 para 1.300 operações por mês. Não tem sentido terceirizar atividade-fim, em vez invés de contratar mais funcionários com os direitos legais da categoria.

 

- Garantir priorização para os funcionários da própria estrutura abrangida na reestruturação para o preenchimento de vagas na nova Dirao/Gecor.

 

- Garantir priorização para realocação daqueles bancários que perderem a função em condições similares de remuneração no próprio

município/região.

 

- Ver a possibilidade de realocar funcionários que não fiquem na nova estrutura para locais de origem familiar ou onde estavam situados antes de irem para a rede Dirao.

 

- Garantir que os comissionados de funções extintas de 8h (novas de 6h no plano de funções) que não quiseram reduzir os salários migrem para a nova estrutura Dirao com a função de 8h. Foi compromisso do banco em 28 de janeiro garantir este direito.

 

Resposta do BB: O banco afirmou que as pessoas poderão manter sua opção de 8h tanto se forem para outras áreas como na própria estrutura da Dirao. Informou que os funcionários têm que solicitar a manutenção de 8h para a Gepes de sua região.

 

Demais questionamentos

 

- está garantida a hora extra para os optantes às funções de 6h até 2014 como o banco prometeu, mesmo se a pessoa mudar de prefixo nas reestruturações?

 

Resposta do BB: O banco afirmou que sim, pois o direito de fazer hora extra é do funcionário, independente do prefixo em que ele estiver.

 

- como se dará a questão da redução de 100 escriturários? E os assistentes, quantos serão na Dirao?

 

Resposta do BB: Serão 215 assessores operacionais plenos. Os escriturários terão maior facilidade de realocação e também poderão concorrer normalmente.

 

- se as Gepes e/ou Dipes nomearem em função de 6h, de forma equivocada, alguém que optou por ficar na Dirao/Gecor com a função de 8h ou que tenha ido para outra dependência optando por ser comissionado de 8h, o bancário pode pedir a correção?

 

Resposta do BB: Sim, pode.

 

- haverá redução da média salarial na estrutura nova?

 

Resposta do BB: O banco não tem esses dados.

 

- como será a trava de dois anos para concorrências após o processo de realocação das pessoas?

 

Resposta do BB: Onde não foi promoção, foi lateralidade, não haverá mudança de contagem de tempo. Se for como ascensão, começa nova contagem de dois anos.

 

- quanto tempo levará a reestruturação?

 

Resposta do BB: Não tem prazo para finalizar. São ondas, e a próxima só ocorrerá quanto finalizar a anterior.

 

As entidades sindicais alertaram ao banco que não tire a função dos bancários que já estão em funções comissionadas a mais de 10 anos, pois a Súmula 372 do TST garante a incorporação da comissão e os sindicatos entrarão na justiça caso isso ocorra.

 

Nova GDP

 

A direção do banco apresentou, através da Dipes, o novo sistema de avaliação dos funcionários - a nova GDP. A mudança é a inclusão do cumprimento de metas individuais (resultados) na composição das notas da GDP.

 

O novo sistema permitirá que os gestores definam por conta própria e de forma subjetiva, metas diferentes para funcionários de suas dependências, o que pode acarretar distorções e aumentar a prática de assédio moral nos locais de trabalho.

 

A direção do banco alegou que os aprimoramentos foram baseados nas boas práticas do mercado, nas demandas organizacionais, na percepção

dos funcionários e na literatura especializada. Afirmou que antes o acordo era formalizado só coletivamente: gestor registrava único acordo para todos integrantes da equipe e agora pode ser formalizado individual ou coletivamente, a critério do gestor.

 

Agora serão dois parâmetros avaliados:

 

COMPETÊNCIAS: indicar as competências a serem enfatizadas ou aprimoradas e ações de capacitação recomendadas.

 

METAS: indicar as ações esperadas, prazos e metas individuais negociadas.

 

Segundo o banco, quanto mais anotações houver, melhor para todos, inclusive os funcionários. Ao ser questionado pelas entidades sindicais sobre a questão de avaliações em 360º, o banco informou que a parte de competências segue em 360 graus, mas as metas "não!".

 

Avaliação e observações das entidades sindicais

 

Após várias críticas e questionamentos feitos pelas representações, a coordenação deixou claro que o banco vem tomando medidas unilaterais desde 2012 em relação aos parâmetros que avaliavam os funcionários e os resultados das dependências do banco.

 

A GDP era um sistema interno do banco com caráter formativo, pois avaliava os funcionários através de competências esperadas e sugeria melhorias através de retornos e avaliações periódicas (feedbacks). A inclusão de resultados de metas na GDP descaracteriza completamente o caráter que ela tinha.

 

"Essa mudança se soma à implantação do programa Sinergia BB em 2012, que substituiu o parâmetro ATB das dependências da rede de agências. O Novo Sinergia BB também veio com a individualização das metas nas carteiras de relacionamento das agências. Não fosse a luta do funcionalismo em 2012 e o banco instituiria o pagamento de Módulo Bônus individual por resultado de carteira em dependências, destruindo um sistema de distribuição de PLR conquistado no BB desde 2003 com o advento da campanha unificada dos bancários", avalia William Mendes, o coordenador da CEBB.

 

O Novo Sinergia BB nas agências somado à GDP baseada em cumprimento de metas individuais destrói a lógica do trabalho em equipe e aumenta a disputa interna nos locais de trabalho.

 

Outras cobranças das entidades sindicais

 

- FALTAS DE GREVE COM CÓDIGO 308 - foi reivindicado ao banco novamente que sejam estornadas as faltas descontadas dos bancários no primeiro semestre devido aos dias nacionais de luta contra as mudanças unilaterais ao plano de funções comissionadas. Os problemas ainda não foram resolvidos e os funcionários querem mudanças no plano. O BB ainda não tem resposta, mas está avaliando o pleito. As faltas das lutas do segundo semestre, com as de julho, serão debatidas na campanha nacional.

 

- IN 383 DE CONTROLE DISCIPLINAR - em relação às mudanças reivindicadas pelas entidades sindicais em 19/06, o banco afirmou que está avaliando internamente com as áreas responsáveis, mas adiantou que está buscando formas de atender aos pedidos de mudanças solicitadas pelos representantes do funcionalismo.

 

- ACORDO MARCO UNI AMÉRICAS - a Contraf-CUT apontou dificuldades enfrentadas por entidades sindicais nos EUA para terem acesso aos trabalhadores do BB naquele país, o que contraria o Acordo Marco recém renovado. Foi pedido solução ao banco e a empresa ficou de verificar.

 

- BB NO PARAGUAI - A Contraf-CUT também reivindicou ao banco uma agenda em conjunto com a UNI AMÉRICAS e o Sindicato dos Bancários do Banco do Brasil do Paraguai para se buscar solução sobre a renovação de acordo coletivo porque não se logrou assinatura de acordo nos últimos anos e a situação dos bancários está bem ruim, enquanto a situação do BB naquela país avançou muito nos últimos anos.

 

- PSO - as entidades sindicais reivindicaram uma mesa específica para tratar de questões deste setor do banco, pois desde que o BB estendeu para todo o país as PSO os problemas só aumentaram. Também é necessário atualizar a redação do regulamento de delegados sindicais para que o mesmo abranja a especificidade das PSO.

 

- CARREIRA DE MÉRITO - foi cobrado mais uma vez o cumprimento da conquista da Carreira de Mérito aos caixas que estão em mandatos sindicais ou foram dirigentes sindicais a partir de 1º/09/06. O direito dos caixas foi conquistado na campanha 2012 e até o momento alguns bancários não o receberam. Os bancários devem receber 0,5 ponto por dia de exercício de caixa. Também foi cobrado que o banco pague o mérito para os funcionários B-Zero que estão nas carreiras comissionadas porque o Mérito é pago por dia de exercício de função e não tem porque excluir nenhum trabalhador.

 

O banco informou que vai resolver o problema e pagar o que deve aos bancários caixas executivos que estão ou estiveram em mandato de representação sindical. O pagamento será retroativo a 1º/09/12 (data da conquista do direito). Em relação aos funcionários comissionados que são B-Zero, o banco vai avaliar internamente o pagamento do Mérito.

 

- SESMT - em relação à cobrança de preenchimento das vagas do SESMT pelos concursados, feita na mesa de 19/06, o banco informou que ainda faltam 23 vagas no país para serem ocupadas. O maior problema está nas vagas de médicos: são 16 vagas com dificuldades de preenchimento. Os concursados entram e depois saem e o processo de posse recomeça. Muitos concursados não tomam posse após a qualificação. O salário destes profissionais varia de R$ 6.235,33 a 7.898,76 para jornada de 4h.

 

- FALTA DE FUNCIONÁRIOS - o problema é generalizado no país. Existem concursos de escriturários em aberto em várias regiões do país. O BB não está fora de seu teto autorizado pelo governo. Os próprios gestores das dependências reclamam da falta de funcionários para preencher as vagas na dotação. Para piorar a situação, ao invés de contratar, o banco cria programas de incentivo à aposentadoria (o que agrava o quadro).

 

- SACR (Remoção automática, Cláusula 48ª, §1º do ACT/BB) - também foi cobrado que a remoção automática (SACR) funcione em todas as dependências do banco - tanto em área meio quanto na rede de agências - porque em vários locais as remoções estão travadas e não estão rodando.

 

- REESTRUTURAÇÃO SURPRESA NO SAC - a direção do SAC em SP iniciou uma reestruturação nesta segunda-feira 15 de forma unilateral, com comissionamentos em novas funções gerenciais sem processo de seleção interna. A Contraf-CUT e o BB acabaram de sair de uma mesa de Ascensão Profissional e Comissionamento onde o que mais se discutiu foi haver transparência e regras claras de seleção de candidatos para novos comissionamentos nas "oportunidades" e reivindicou que o banco cobre isso de seus gestores.

 

- AUSÊNCIAS PARA PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS E CONFERÊNCIAS - as entidades sindicais estão reivindicando que o banco respeite a tradição democrática conquistada há décadas de liberar os bancários que forem eleitos em suas bases para participarem desses fóruns.

 

- BOLSA GRADUAÇÃO E PÓS - os funcionários com licença saúde e em QS-disponibilidade não puderam participar do processo. Foi reivindicado que se verifique isso e corrija o problema.

 

- SANTA CATARINA - no processo de incorporação do Besc, o BB se comprometeu a cumprir diversas questões locais por se tratar da aquisição de um banco público estadual. As entidades sindicais questionaram se o banco está tratando da renovação deste contrato de prestação de serviços com o Estado, o contrato vence em outubro.

 

Saúde e Previdência

 

- PLANO DE SAÚDE SIM (BESC) - atualmente, os bancários não podem aderir ao plano de saúde do banco incorporado e nem à Cassi. Foi cobrado que o banco abra uma mesa com as entidades sindicais para apresentar proposta sobre a adesão de todos à Cassi e à Previ.

 

- ECONOMUS - foram apontadas dificuldades que as entidades sindicais encontram em obter retorno da direção da entidade ou, ao menos, de serem atendidas pelo Economus. Nem os ofícios remetidos a ele são respondidos.

 

- CASSI E PREVI PRA TODOS - a Contraf-CUT fez um apelo ao Banco do Brasil para que neste ano seja instalada uma mesa de solução para acabar com a discriminação aos funcionários oriundos de bancos incorporados e para que todos possam ter direito à Cassi e à Previ.

 

Fortalecer as mobilizações para uma campanha vitoriosa

 

A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil convoca a categoria a participar ativamente da Campanha Nacional dos Bancários 2013 e buscar com muita unidade novos direitos e a manutenção das conquistas arrancadas na luta das últimas campanhas.

 


Fonte: Contraf-CUT