Para Contraf-CUT, manutenção da Selic em 11% favorece juros altos dos bancos

18/07/2014 14:15:43

A Contraf-CUT criticou a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 11 % ao ano, pela segunda vez consecutiva, anunciada durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrida nesta quarta-feira (16), em Brasília.

 

"Os únicos beneficiados são os bancos, os rentistas e grandes especuladores financeiros, que continuarão lucrando muito, tirando recursos públicos que deveriam ser direcionados para o crescimento da economia com distribuição de renda", afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

 

Para ele, "o Copom deixou escapar uma nova oportunidade para baixar a Selic e forçar uma queda dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito para a produção e para o consumo, incentivando o emprego e a distribuição de renda".

 

A manutenção da Selic em 11% favorece a cobrança de altas taxas de juros pelos bancos nas operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas. Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), desde abril de 2013, quando a Selic saiu de 7,25% ao ano, a taxa de juros dos bancos subiu 15,27% no período.

 

Os juros do cartão de crédito, por exemplo, passaram em média de quase 193% ao ano para 238,67% ao ano, uma alta de 23,7%. "Em pouco mais de um ano, os bancos vêm elevando as suas taxas de juros muito acima do aumento da Selic no período, obtendo lucros fabulosos e onerando os clientes e a sociedade brasileira", destaca Cordeiro.

 

"Além de penalizar os consumidores, os bancos abocanham recursos bilionários do Estado, na medida em que são os principais detentores de títulos públicos e se beneficiam das altas taxas da Selic, dificultando investimentos que o país tanto precisa para acelerar o crescimento e combater as desigualdades sociais", salienta o dirigente sindical. Praticamente 50% do orçamento da União destina-se ao pagamento dos juros e amortização da dívida pública, comprometendo recursos que poderiam ser destinados à saúde, educação ou segurança, por exemplo.

 

O presidente da Contraf-CUT avalia que o custo social e econômico da utilização da Selic no controle da inflação tem se revelado muito elevado para o país. "É urgente acionar outras políticas voltadas para este fim, cujos efeitos sejam menos danosos para a sociedade. É necessário buscar outras variáveis, que possibilitem a geração de empregos e o aumento da remuneração média dos trabalhadores", enfatiza Cordeiro.

 

"Essa política de juros altos só tem contribuído para turbinar o lucro dos bancos e a concentração da renda. Para que haja um crescimento sustentável é necessário que tenha desenvolvimento com geração de empregos e distribuição de renda", conclui o dirigente da Contraf-CUT.

 


Fonte: Contraf-CUT